BARBA, CABELO E BIGODE

Data 09/04/2016 09:31:40 | Tópico: Poemas

BARBA, CABELO E BIGODE

Negócio feito no fio 
É coisa justa e clara 
De quem homem se declara! 
Porque tinha, além de brio, 
Barba e vergonha na cara.

Fora outrora muito rico, 
Contratador e merceeiro, 
Que no afã de ter dinheiro 
Ora Francisco; ora Chico, 
Negociava o tempo inteiro.

Mas firmava dando fé 
Sob o fio do bigode 
A que nunca se acomode: 
Pagou vida e morte até 
Com túmulo, lápide e ode!

E tantos negócios fez 
Que foram rarear os pelos 
Barba e bigode tão belos 
Sumiram d'ele de vez
Após calvos os cabelos!

Ficara todo careca 
E o rosto todo pelado. 
Pois, feito chão ressecado, 
Como o homem da cara seca 
Era como era lembrado.

Sem fios por resgatar
Deixa afinal os negócios,
Quando dos velhos os ócios
Cumpre sem ter mais pesar
Seus últimos equinócios.

D'estarte, por hombridade,
Não deixa que a alma se enode:
Entre o que pôde e o que pode,
Dera, ao dar fé da verdade,
Barba, cabelo e bigode

Contagem - 06 04 2016


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