RESSACA

Data 13/04/2016 09:17:19 | Tópico: Sonetos

RESSACA

O pão amanhecido sobre a mesa,
Tão solitariamente, a se comer...
O café requentado e outra colher
Só de melancolia já não pesa.

A boca balbucia alguma reza
E ralha maldições sem se mover.
Pouco importa se bem ou mal me quer:
Seca, a flor não se mostra tão surpresa.

A chuva cai lá fora. A vida passa.
Não. Nada falta, mas também não basta,
Pois há muito vazias a alma e a taça.

A manhã vem, dir-se-ia, tão nefasta
Que traz o pressentir d'uma desgraça.
No desalento da hora que se arrasta.

Betim - 20 01 2013










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