Absurdo não acreditar no mal

Data 19/04/2016 12:04:13 | Tópico: Poemas -> Surrealistas



... Acalentados por pesadelos e monstros,
pensamentos sombrios anseiam por milagres...”

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- Absurdo não acreditar no mal -








A areia da ampulheta encobre os minutos,
não acalma o medo que grassa,
até que o relógio anuncie soturno,
a meia noite na catedral
convidando a receber o sono.

Acalentados por pesadelos e monstros,
pensamentos sombrios anseiam por milagres.
Talvez venha durante a chuva
removendo o limo das pedras,
antes de ver a vida num galope,
equilibrando na sela de um cavalo branco.

Vendo fugir aqueles que não viveram,
quando o anjo caiu e dobrou as asas,
guardou-as num terreno baldio
passando a fazer tricô com as matronas,
tentando espantar as dúvidas
de todos esses anos
que abalaram a fé nas pessoas de bem.

Restam mudos, abrigados nos campanários,
os pássaros que não acalmam o medo,
em volta da torre da catedral.
Só depois da fuga das estrelas
as cambaxirras caíram no vazio,
abandonando a abóboda celeste
neste entardecer tão triste.

E a hora silenciosa soa
como toque de um funeral,
aguardado no meio da meia noite
a chegada do convidado profético
trazendo a palavra derradeira.

Absurdo não acreditar no mal
quando soa a meia noite
na solidão insólita
trazendo o prenúncio da morte.


19042016
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