Para Camões VIII

Data 27/02/2008 22:50:02 | Tópico: Poemas

Naus que deslizam Atlantes,
Onde deuses sopram a tormenta
Vergada por loucos navegantes,
Ogres da batalha sangrenta.

Rumos levados pela demanda,
Ensombrados por medo do medo.
Inebriam-se os homens de bravura,
Nobres plebeus de enorme enredo
Ou um simples Rei que não manda.

Quanta e inestimada saudade.
Uma vida inteira que morre
Em busca da efémera vontade.

Trigais dourados na memória
Abatidos no limbo do pensamento,
Na paisagem pintada pelos olhos
Trazida no peito, em desalento,
Onde dorme vã esta glória.

Sementes largadas por um sorriso,
Usitadas em terra rasgada,
Brotam no vento da maresia.
Lindas cores as deste campo!
Ilhéus descalços de vergonha
Mascarados de Primavera risonha,
Ajeitados à luz do pirilampo,
Regados por laivos de sabedoria.
Andarins para tudo ou nada,
Mundo de um amar indeciso.<br />



Concluída a primeira estrofe, do Canto I, d'Os Lusíadas.


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