Refúgio da solidão

Data 22/04/2016 20:28:27 | Tópico: Prosas Poéticas

Vem agora e somente reencontra-te

no refúgio desta solidão

Inunda minha saudade com palavras

trespassadas de sofreguidão

impressas em todo o silêncio

ecoando de desejo semeados

numa pira ardendo de paixão


Vem e deixemos reservado no tempo

o ardor de cada abraço

o pecado escondido

agachado na esquina de um verso

suado

rangendo na noite onde deposito

no catre da minha solidão

uma multidão de beijos

trajados de odores apaziguados


Vem desdobra-me os lençóis

onde pernoitamos pelo estrado

da vida virtual

divagando com preces transladadas

num poema concebido num suspiro

de amor onde te incubo

tão fatal


Vem amanhece docemente em mim

Incandesce todo o silêncio que brasa

na fogueira das vaidades

Realinha meu horizonte

pra que depois

de veja

toda explícita

entregue aos cuidados dos meus

versos deixados divagar na sensualidade

da manhã despertando qual ópio

diluído nesta droga de tempo

morrendo imune e recostado à

serenidade do vento


Vem e palmilha comigo

o servil estado de ilusão onde

me refugio

Reinventa todo o vocabulário de

palavras corteses

mascadas com alegria no olímpo

dos deuses

Regenera-te estupefacta quando

em euforia quase hipnótica

silencio uma gargalhada passeando

livre no hall de toda esta linguística

renascendo discreta

alojada a ti de forma tão estilística

FC



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