As barriguinhas de fome

Data 23/04/2016 15:44:54 | Tópico: Poemas


Fervilha a Fome
Mãos estendidas
No vazio da falta,
Praça cheia
Olhar desviado
Do olhar faminto,
Que vagueia
Mendigando
No chão da praça
Entregue ao frio da noite
De barriga chorosa
Que ninguém acode
Nem demonstra compaixão,
De olhar posto
No amanhã distante
E tão perto dos homens
De mil abastanças,
Que vêm e revêm
O galopar da desgraça
E fingem…
Fingem não ver
Olhares esburacados de miséria
Que clamam por migalhas
Pra fintarem o vazio das madrugadas
Que lhes coagem barriguinhas
De fome eternizada
Pela indiferença
Dos homens

Adelino Gomes-nhaca





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