*Arrebatamento*

Data 20/05/2016 11:07:09 | Tópico: Poemas



Quedaram-se todas as estrelas,
Daquele céu estonteante,
Trazendo-lhe recordações d’uma canção antiga,
Onde a lua cheia teimava em esconder-lhe a face,
Na vergonha inocente da junção amorosa,
Entre o sol e um amor incapaz de ser tocado.

Aos poucos, o silêncio entre os pinheiros invadiu o espaço,
Donde, ao certo, caberia o desejo contorcido dos olhares cadentes,
Ou talvez, a recordação dos sonhos, retidos entre os dedos,
Tornando-lhe musa radiosa, adormecida em véus de saudade e acalanto.

Respiraria, sem dúvida, com o rosto alvo colado no mistério daquela força,
Que admirava, insanamente,
Observando a loucura pintada ao fundo da retina,
Quando palavras mansas encantavam o seu dorso nu,
Desabrochado em flor,
Para que o pólen se derramasse em seu ventre,
Perpetuando um laço de eternidade,
De submissão,
E rendição....

Ao longe, além do que a vista humana poderia alcançar,
Um tapete de flores e ramagens,
Abençoava lhe a fronte dorida,
Pela sinuosa trilha da vida,
Rendendo homenagens ao calor radioso do sol,
E ao azul intenso do céu,
Feito o sagrado véu,
Numa proteção majestosa, contra os rumores do vento,
E a força feroz das tempestades....

Provedora de tantos sonhos,
Profetizava na quietude de todo bem querer,
As trombetas celestiais,
O coro de sons e cores...
Desterrando da visão humana,
Todos os dias apocalípticos...

Como sendo a última chance,
Em plenitude,
D’um pedido de redenção...

Como sendo o último louvor,
Em voz perpétua,
Pela soltura e pela libertação...





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