2 Oh Deus!

Data 29/02/2008 13:08:08 | Tópico: Contos -> Romance

Oh Deus!


2
No banco do calçadão, perto de alguns engraxates. Fiquei sentado já com o olhar triste, cabisbaixo e com um aperto na alma e no coração. Oh! Eu havia deixado passar a mulher mais linda que havia encontrado. Não! Eu a reencontraria. Levantei-me e fui a alguns metros à frente para tomar um chopp em um bar próximo. Sentei-me em uma mesa no meio do calçadão e fiquei a beberricar meu chopp. Não parava de olhar no meio da multidão, mas era em vão. Mas também não podia desistir. Enquanto o vento de leste começou a me rebentar, então tive que ir embora rapidamente. Subi o calçadão até a av.Higienópolis, depois a desci até chegar em casa com a minha Deusa no pensamento. Ainda a procurava dentre os carros, ônibus, motos, bicicletas, lojas. Estava ficando completamente louco, mas eu precisava dela. Cheguei ao Rob´s e fui dobrando a direita já desatenta e triste por ser um completo idiota e estúpido. Entrei até o Pé na Cova e fiquei até acabar meu dinheiro. Não me restava muito a fazer, acabara de ter perdido a minha Deusa, sim ela era divina. Mas, como ela ficaria com um estúpido como eu? Como? Bazesko você não passa de um monte de bosta! Droga! Droga!...
- Me da mais um conhaque ai
- Vá embora – exclamou Jonas
- vá a merda, manda logo.
- Vá embora, Bazesko, tu já bebeste demais.
- Viro minha mãe seu filho da puta? – Não respondeu – Então resolvi sair daquela droga maldita, estavam recusando bebidas para mim. MALDITOS, FILHOS DA PUTA. NINGUEM RECUSA BEBIDA PARA BAZESKO. FILHOS DA PUTA, VOU FODER O RABO DE VOCEIS. Jonas fez um gesto com as mãos para que o segurança me tirasse e agora estava na rua novamente, sem um tustão e com a mente na minha Deusa. Oh Deus! Ajude-me encontrá-la! Oh! Oh!
- Carlos, o que esta fazendo? – Disse Ingrid, aproximando-se a mim e me pegando pelo braço.
- Saia daqui! – respondi. Então ela perguntou ao segurança o que havia acontecido, ele a disse.
- Oh! Carlos. Porque fazes isso contigo mesmo? – não respondi. – Vamos, te ajudo a ir embora. E foi me puxando lentamente pela rua abaixo, tive que parar algumas vezes para vomitar e retornávamos a caminhada. Ingrid era uma boa pessoa, mas como eu não teve sorte na vida. E agora tentava ser cantora, tinha uma ótima voz, eu gostava de ouvi-la cantar, cantava muito melhor que varias cantoras da televisão. Lembrava muito Maria Rita, no qual era grande fã. Algumas vezes eu tocava violão e ela cantava, ficávamos bebendo e dando risada dos erros, mas no final, sempre acabávamos na cama. Havíamos chegado à frente da minha casa, ela morava a duas abaixo.
- Esta entregue – disse me soltando. Dei umas cambaleadas para cá e acolá, mas mantive-me firme, por mais difícil que parecia ser. Dei dois passos incertos até o portão, onde tentava colocar a chave no cadeado. Deixei cair à chave algumas vezes e em uma dessas caídas, acompanhei-a até ao chão caindo sentado encostando-se ao portão e olhando para a rua. Ingrid ainda estava atrás de mim, com a cabeça baixa, podia sentir a tristeza em seu olhar. Então ela me ergueu novamente e laçou meu braço sob seus ombros pequenos e delicados. Abriu o portão e depois a porta da sala. Entramos, não tinha muitos moveis na sala, nem na casa inteira. Havia algumas almofadas na sala com garrafas no canto. Alguns livros na estante, televisão 14” e nada mais. Levou-me ao meu quarto onde ela me despiu e colocou-me deitado na cama, mas isso foi uma péssima idéia, o teto, as luzes, ela, a janela tudo começou a girar e vomitei ali mesmo, apenas virando a cabeça.
- OHH DROGA! Carlos! – disse alto Ingrid e saiu para a cozinha para pegar um pano para limpar. Eu gostei de sentir ela se preocupando comigo, mas ainda estava pensando na minha Deusa! Oh minha Deusa! Então Ingrid retornou e resolveu ergue-me novamente e levou-me ao banheiro.
- PUTA QUE PARIU! TA LOCA? – gritei quando ela enfiou-me para debaixo da ducha fria.
- FICA AI! – respondeu a altura e empurrando-me para debaixo da ducha. Eu era mais forte, mas não conseguia sair, quase cai algumas vezes e agarrei-me em seus braços para evitar a queda, ela segurou-se, cambaleou e não me deixando cair. Depois me deixou sentado embaixo da ducha e saiu. Aquela água era sagrada para um bêbado, havia me curado depois de um tempo e estava me sentindo melhor. Fui tentando me levantar segurando nas paredes molhadas e cai novamente. Então escutei os passos de Ingrid vindo e começou a me ajudar a levantar e me passou uma toalha. Enxuguei-me e fui caminhando até a cama, ela me seguiu com os olhares, como uma águia persegue seu alvo e deitei-me a cama.
- Já venho – ela disse e saiu correndo pela porta da frente afora. Deu alguns minutos e retornou com um pouco de café em uma xícara grande branca, com desenhos geométricos amarelos e azuis. – Tome aqui, isso vai te ajudar.
- Não quero isso e não vai me ajudar em nada - retruquei
- BEBA LOGO SEU MANDRIÃO, EU TE TROUXE E AGORA TU VAI BEBER! – disse ficando em pé ao meu lado – resolvi não questioná-la depois dessa. Então beberriquei o café, estava quase sem açúcar, estava horrível. Mas bebi quieto. E olhei o seu sorriso de satisfação enquanto bebia seu café horrível, fortíssimo e se era possível chamar aquilo de café. Então se sentou a beira da cama e começou a me olhar nos meus olhos. Não tinha como evitá-los e ficou sentada olhando-me. Virei de lado e a senti levantando e caminhando pela casa. Depois deitou na cama e guinchou-se em mim e dormimos.

CB

Blog PensAlto : Tatuira com Nescau!


Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=30957