Ruínas

Data 23/05/2016 14:16:29 | Tópico: Poemas

Deixo nestas folhas
a demencia da minh'Alma
paisagens adornadas
numa fúria que me acalma.

Deixo em cada linha
angustia, dor e solidão ...
Que essa furia de onde vinha
não trazia salvação.

Que tristeza tão profunda
em meus olhos solitários
como o choro quando inunda
o perfil de tantos lábios.

Cada um é um fantasma
de uma vida inventada
tanta gente que tem asma
que não diz que é mal-amada.

Ver na vida e na morte
a verdade deste mundo
é fazer de cada sorte
um diálogo profundo.

Os versos d'um Poema
dão forma ao seu corpo
linha a linha nesse tema
vai um sonho que está morto.

E essa Gente que os lê
que anda triste, aos caidos
não lhes sente nem lhes vê
a demência nos sentidos.

Ser Poeta é cansaço
é ter tristeza na mão
é criança sem regaço
um fruto podre no chão.

O Poeta não se entende
nem entende a solidão
solidão que não o vence
nem lhe dá qualquer razão.

O Poeta é Outono
é Inverno e amargura
nem a vida nem o sono
lhe tiram a loucura.

Ele sabe que o caminho
não é para os Profetas
segue veredas sem destino
como todos os ascetas.

Em diários de Poesia
seguem Rosas -de- Sangue
seguem noites sem dia
palavras de amante.

Coitado do Poeta
que chora dor aos molhos
até parece que uma seta
atravessa os seus olhos.

Poesia não é vida
Poesia não é Sorte
Poesia é dor perdida
nos braços frios da morte.

São penas d'Avezinhas
encadeadas de rimas
são pessoas, "coitadinhas"
que só vivem de RUÍNAS!



Ricardo Maria Louro


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