O RIO Autor: Carlos Henrique Rangel
Sobre a balaustrada Vi o rio E seu caminho. O meu? Eu não sei Do caminho. Não conheço Minhas margens Não vejo a foz. De onde estou Não vejo o outro lado. Da nascente Não lembro. Meu caminho Não é protegido Por balaustradas É inseguro como a vida. E já provocou tsunamis. Outras vezes Foi manso Como um regato E beijou flores Nas margens. Meu caminho É menino antigo. Teimoso, rebelde. Mas segue. Eu não sei Do meu caminho. Caminho. Adivinho e mal. Sigo os sulcos E me derramo Cachoeiras. Meu caminho Tem águas límpidas. Às vezes turvas e barrentas. Meu caminho Brinca comigo Assusta-me Ou me faz rir. Eu não sei do caminho. Aprendo a cada dia. Ou tento. Deixo-me levar Para ver onde vai dar. Eu não sei do meu caminho. Repito. Caminho.
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