Prosódia

Data 23/05/2016 19:46:56 | Tópico: Poemas -> Desilusão


Clama o nome
no manuscrito envelhecido
das palavras.

Jamais se concluiu
o anagrama silencioso
dos versos encrespados
à beira dos lábios!

Nunca mordeu o fel
da sua própria prosódia,
mas ainda escuta
a pronúncia dos verbos frenéticos
da loucura
nos poros.

Gosta da morfologia
que adquirem as sílabas
murmuradas paulatinamente
ao ouvido,
quando se incorporam
na líbido do palato.

Mas, o tempo é o términus
da verdade compactada
navegando à bolina
numa frase por escrever.

Porque não rasga o paradigma
e cruza o portal do sonho?

Nem que seja para morrer
da síncope da consoante
cravada no coração
que continua a bater…

Talvez o sorriso nasça
na proa das ondas vocálicas
do olhar
e a sonoridade renasça
pela mão da ironia…

num discurso
onde a voz ativa
seja a luz de um novo dia.




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