A rosa e o pierrô

Data 27/05/2016 14:26:29 | Tópico: Poemas






... Pierrô suspirava triste em belos trajes de cetim,
admirando compenetrado a bela rosa carmesim ...”

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- A rosa e o pierrô -





Pierrô suspirava triste em belos trajes de cetim,
admirando compenetrado a bela rosa carmesim,
ambos desfrutando do calor do sol generoso,
num dia de maio, junto às arcadas do cenário.
Pressentimentos sombrios povoavam a mente,
do macambúzio pierrô confesso apaixonado.
Irresignado em curvar-se ao nebuloso fadário,
quando o crepúsculo caiu rapidamente por ali,
na escuridão impenetrável, tantas trevas,
no silêncio das sombras então a rosa sussurrou:
" - A noite será cálida e toda repleta de amor,
creia que o luar romperá as trevas de repente,
então, ela vira para desanuviar teu semblante.".

A voz da rosa soava como o murmúrio doce,
serena como águas do riacho preguiçoso,
quando da boca de um pierrô abatido,
em resposta soaram os sons melancólicos:
" - Ontem ainda fiz tantos apelos à amada,
como em riste aos céus estendi as mãos crispadas,
tal acordar na manha luxuriante sobre um prado,
sussurrante do rouxinol ouvir a resposta favorável".
Então, ora sorumbático Pierrô qual ébrio,
em lentos cicios e desejoso de outras cores,
balançou abatido a cabeça inclinada,
vencido pelos cantos de insidiosas reflexões.

Tentava manter o semblante menos tristonho,
obedecendo aos conselhos que tivera no sonho.
Altiva a roseira tão espinhosa no pé das arcadas,
era a última rosa exuberante florescendo na manhã,
Pierrô a colheu arrancando do galho a rosa tão bela,
o vento soprou o resto das folhas ao longo do pátio,
ficaram só as hastes como espectros do esplendor.
Das janelas as moças em vão procuravam as rosas,
prisioneira que era agora do enamorado desditoso.
Pobre Pierrô! Chorava amargamente no alto da torre,
lágrimas então rolaram pela face uma após a outra,
e ao pé das arcadas nada ostentavam os ramos nus.

A erva tão espinhosa agora sem folhas, nem flores,
que jazia despetalada esquecida no sopé dos arcos.
Foi a última rosa exuberante floresceu ainda ontem.
Pierrô a arrancara como uma oferenda à amada,
então o frio vento soprou as folhas mortas no pátio.
Em todas as janelas as donzelas que amavam rosas,
choraram amargamente nas ameias das altas torres,
tantas lágrimas caíram de olhos tristes uma a uma,
molhando as paredes junto ao velho ramo decepado.

Pierrô está chorando e chora também a pobre roseira,
ambos sofreram com a perda de um bem tão precioso.
O destino consumado, a rosa se foi, não vai voltar,
a rosa que refletia raios brilhantes da manhã fria,
a luz de um amor sem limites e da felicidade pura,
deixou tristes a muitos corações ora quebrantados,
talvez fosse melhor enfeitar a lápide da sepultura.
® Luiz Morais


27052016
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