Tu és a prece que já não sei dizer

Data 01/06/2016 00:50:52 | Tópico: Poemas

Tu és a prece que já não sei dizer,
Os olhos que sei de cor e não recordo
O sabor de os beijar.

Tu eras o bandolim e o banjo
Que eu quisera caminho,
A guitarra onde sempre me enrosquei
Como mais um acto inacabado…

Tu eras a mais elevada torre,
O poema de brocado vestido
Última rendição.
A girandola do tempo
Somente nossa,
Esse além de sermos dois
E nos contemplarmos um só.

Puta que pariu para nós!

Hoje contemplo entre uma taça de vinho
Teu semblante,
Esta rosa branca falmejante de luto
Adornando minha secretária
Onde escrevinho e digo tudo
Como os bêbados em redor da mesa de uma tasca
Porque estar lúcido
Essa sim é a maior embriaguez
Nesta enfermaria universal de loucos!

À merda com a rotina e toda a «normalidadezinha»!
© Célia Moura, 31.V.2016



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