Por favor, não me morras o poema… esse que mora nos meus pensamentos mais íntimos e que só a ti confidencio.
És a minha alma, gémea na emoção e na loucura, e na vontade, e na solidão…
Ambos bebemos o sumo do fruto proibido da vida, deleitamos os sentidos na fonte imensurável do prazer...
Colorimos a aura por dentro dos corpos numa vulnerabilidade aguda que se espraia pela saliva, pelas saliências aduaneiras da razão descrita em amor na poesia…
Há tanto tempo que me colheste ainda em botão na escuridão do passado e aos teus cuidados fui florindo e das nossas mãos brotaram borboletas dos silvados onde o vinho murmurou nas bocas o pecado que enterrámos nos espinhos…
E o nosso abraço instintivamente escrito nas estrelas segredou-nos a metade que faltava nos nossos corpos sem obedecer a julgamentos ou a punições do código genético da sociedade!
Crescemos a cada dia na mesma ótica de valores enquanto as virtudes emolduram o nosso parecer…
Somos dois numa unicidade idêntica onde as palavras caligrafadas nas peles correspondem à imensidade frenética do desejo…
Por isso peço-te: vive-me o poema para sempre e acrescenta-me as letras para suspirar a lua que trazemos no olhar!