A busca inglória da felicidade nas paisagens estéreis do mundo

Data 29/06/2016 23:38:30 | Tópico: Poemas

Desejar ser feliz é o caminho mais curto para a angústia. Idealizar o conceito de felicidade em algo ou em alguém é castrar a própria possibilidade de ser feliz. Quando alguém define, escolhe ou estabelece um objecto ou uma pessoa como imperativo para ser feliz, coloca-se na delicada situação de dependência externa para alcançar o fim. O simples facto de estabelecer uma meta, de definir um ponto na paisagem estéril da realidade como imperativo para atingir qualquer estado de espirito, no caso felicidade, coloca a pessoa perante a condição dual de alcançar ou não o propósito desejado, e a partir desse momento, depende da dualidade em que se encontra e tem a sua acção também condicionada. É, assim, quando ajustada ao propósito, o desejo de felicidade, que a própria manifestação existencial se castra da sua expressão natural e livre, ou seja, do objectivo da felicidade materializado em algo externo ou colado a alguém, resulta apenas uma busca inglória destinada ao fracasso. Isto acontece porque, ao se impor um estado de espirito à natureza humana, anula-se a própria natureza humana pela determinação consciente de que, o objectivo, está ao alcance da busca. Colar o conceito "felicidade" a algo ou a alguém, é anular o controlo que se detém sobre a existência e sobre a felicidade, pois esse controlo fica delegado a entidades exteriores que não podem ser controladas. A felicidade esconde-se nas coisas simples, resume-se à existência, ao universo de cada homem e das suas escolhas. O aceitar a existência, a vida, a morte, aceitar o caminho, o chão, a linha continua da alma, e fazer tudo isto sozinho. Aceitar a felicidade, aprender a aceitar, é escolher ser feliz. É tornar-se aquilo que se já é.
Nada se realiza sem a fundação sólida da base. Nada se forma a não ser da essência do que já é e da do que se quer formar. O próximo segundo é a continuação do actual, a realização assumida do que ainda não aconteceu. A busca inglória da felicidade nas paisagens estéreis do mundo.



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