Talvez o mais sublime da arte de semear seja o arado que seguras com segurança, rumo às palavras escritas a sol na minha boca de árvore encantada.
E quando me cobres o orvalho uterino com as folhas da figueira, enquanto alucino no Paraíso das tuas mãos, sou eu a paz e a plenitude da ansia gravada na tua pele e emerges camponês-guardião da minha vontade.
Sou-te o pilar cósmico que te guia pelas constelações do universo, o “axis-mundi” da tua paixão, que te regenera, fertiliza a mente, cresce à medida da tua fome, te torna imortal nos versos que proclamas aos sete ventos no Sete-Estrelo do meu sorriso!
Mas és tu a seiva que se entranha nas raízes do meu mundo subterrâneo e vil, que me acolhe e me assanha, mas embriaga a sede e sobe ao âmago da copa do meu corpo sempre que me beijas.
É aí, onde o firmamento se confunde com o Olimpo dos meus gemidos, que me levas ao mundo dos Deuses e me colocas no Altar, como deusa-dionisíaca, portadora do cálice de onde bebes, e depositas nos meus cabelos a guirlanda de rainha metafórica dos instintos impudicos que adoras!
Promoves-me a nudez com pérolas cor de cetim carmim para idolatrar a orgia lenta dos nossos sentidos, num Éden só nosso, onde apenas existem infrutescências doces e melosas como ambrósias do nosso querer.