ARRUAÇA

Data 05/07/2016 12:08:17 | Tópico: Sonetos

ARRUAÇA

Começa, a bem dizer, por puro tédio.
Quando a gente s'encontra e engana a morte,
Até por não morrer, fica mais forte
Diante d'alguma angústia sem remédio.

Tínhamos algo de louco, olhos de assédio;
Certo gosto em jogar co'a própria sorte.
Talvez porque a folia nos conforte
Ou só por não querer ficar no médio.

E tome esculachada, dedo em riste,
Tapa na cara, sangue a arder na veia...
Enquanto a plebe em roda se incendeia.

Quando a gente s'esquece de ser triste
E sente o corpo doer por ter que existe,
Deixa mais que pegadas sobre a areia.

Belo Horizonte – 02 07 2016


Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=311382