Contornos sorridentes do casario de paredes brancas largas e frescas acomodadas pelo azulejo timbrado a azul
Relâmpagos de saudade reluzem na penumbra do quarto feito de eternidade
Restos de ternura caminham a passos lentos nos poros atrevidos das extremidades dos dedos
Murmúrios de caminhos secretos entre a língua lasciva e a pele afogueada
Olhares cruzados entre a fome do beijo e a onda do desejo implantado a versos escritos na caligrafia perfeita que têm as pétalas da rosa perversa de solidão
Promessas veladas no silêncio das almofadas do branco mais puro que o algodão conversam com o tempo esquecido e gasto pelas estradas negras, longe do cimento e do betão
Alvos são os gemidos roçando a carícia que brinca, atrevida, no morder dos lábios, no hálito quente sobre a orelha, no arfar desconcertante entre a covinha do queixo… mais perto do êxtase e da sofreguidão dos minutos em contagem decrescente
E as laranjeiras ainda segredam o perfume da aventura encoberta pelo sol de verão, enquanto o telefone toca e perde-se no som que a rega do milho faz, molhando os sonhos, as prosas e as mãos