Sou apenas mais um.

Data 13/07/2016 14:36:05 | Tópico: Poemas

Que pai; que filho… que és?
Os céus albergam-te ante si e nem sabem se hão de sorrir
a multidão passa num rasgar o ar a passo decidido e forte
e tu aí te deixas deitado perante o brotar d’alguma sorte.

Tantas vezes pareces atento ao que não entendo
e as tuas roupas são já todas elas um remendo por completo.
Escutas as melodias dos saltos que pisam a calçada, digo
e nem um sorriso qual raiar de sol se preza a ser teu amigo.

Pergunto-me se estarás apenas a descansar duma qualquer viagem
se essas são roupas que uses num trabalho que suje assim tanto
e aquele manto, sujo ao teu lado, seja dum qualquer serviço?!

Tenho vontade de te fazer tanta pergunta, mas acima de tudo,
perguntar-te porque estás aí deitado, no chão, em qualquer lado.
Porquê isso? Mas estou com pressa. Sempre a pressa.

Vou sempre a correr tal qual outros. Mas tu não corres.
Em ti sinto um peso e sinto a leveza de não carregar tanto
e pareces estar aí e não ter sequer um qualquer abrigo.

Viver a correr não fará de mim, nem de tantos, mais ou melhor do que tu
Sim, temos de lutar, mas no fim acabamos sempre com nada.
Eu sou apenas mais um, um desses tantos que nem sabe ser mendigo.

Rodrigo Lamar


Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=311706