
As Linhas Que Eu Lia
Data 14/07/2016 19:46:57 | Tópico: Poemas
| Um véu de aljôfar pinta a grama. Prelúdio do dia que descortina Com os dedos rosados da menina Aurora que deus Apolo tanto ama.
O carros do Sol no azul do céu arriba Com cavalos com ventas em chama Acesa, impacientes, ninguém domina, Deixando sanguíneas as raias do dia.
Vem o vento veloz e numa sutil malícia Beija as flores, levanta saias e corre Pelas cordilheiras, pelos montes, colinas E, num redemoinho, entontece e morre.
Ondas volumosas beijam os pés das praias. Por vezes se chocam com rígidos rochedos. Uma garça branca dá meia-volta e se espraia Nas margens de um lago cercado pelo arvoredo.
Grasnam gansos, pipilam os pequenos pássaros Presos nos emaranhados aconchegantes dos ninhos Na espera ansiosa pelo alimento proteico e nutritivo Enquanto uma serpente se arrasta pelo pó do alabastro...
Tudo é lindo, divino e maravilhoso dentro desta poesia. Só que não.
Dentro do meu coração Uma lâmina muito fina E afiada, feito uma navalha, Me mata e me amofina Todos os dias da minha vida Sempre que lembro dos olhos, Daqueles olhos de cor azulina De uma mulher-moça-menina Que foi fazer morada noutra freguesia Deixando-me apenas a vontade Na liberdade daquelas linhas que eu lia...
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