Desertor

Data 18/07/2016 09:35:08 | Tópico: Sonetos


Meu amor, que ao Alentejo vieste
pousar, na seara, olhos sagrados
contempla os campos magoados
p’ las espigas d’ ouro que trouxeste…

De mãos serenas, semear vieste,
est’ Alentejo de segredos e danos
Observa o peso pesado d’enganos
e estes campos que entristeceste!

Sentiram os cardos cravados na retina da terra,
a secura do vento agreste, mas tão abertos em flor
julgaram, por um momento, ser a sorte divina qu’ encerra

ter teus olhos pousados na íris de tanto amor…
Mas cegos de sede e sombra, nas trincheiras da guerra
com o sol, viram-te partir como infame… desertor!




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