
O médico cubano, o charuto e o arroto tupiniquim (cordel)
Data 19/07/2016 01:25:18 | Tópico: Poemas -> Dedicatória
|  Meu caro amigo, O médico só é cubano, Ele não porta charuto, Nem fuma (protege o tabaco) [como em nosso governo]
O que a pequena ilha caribenha Produz de tabaco em folha Em nada se compara Ao que o Brasil exporta
Se em Cuba há médicos fumantes Aqui em terras tupiniquins Também os há, e não são poucos Aqueles que se tornaram dependentes
Que a nossa "desinformação" sobre o preparo dos charutos e dos médicos cubanos não leve a julgamentos precipitados
Estes médicos cubanos Já estiveram em muitas frentes na África e na Ásia, cuidando de gente refugiada
Das guerras sem fim.. Eles não vivem em país capitalista Não vieram por motivo monetarista E irão servir em terras do sem fim
Onde poucos médicos brasileiros Ousariam fincar os pés No exercício da arte que abraçaram Nem por onze mil reais, casa e comida.
A decisão deles é humanitária Cuba tem total soberania E não lambe os pés do imperialismo Apesar de todo o bloqueio imposto
A saúde dos cubanos tem os melhores indicadores de toda as Américas, Quem avalia é a OMS
Quem tiver alguma dúvida E não estiver contaminado pela mídia capitalista Verá que está se cometendo
um grande equívoco Com esta postura racista e xenofóbica contra um povo que derrotou Fulgêncio Batista
Só porque foi corajoso de fazer uma revolução Derrubando um tirano perverso e sanguinário
E conquistaram o pleno direito apesar do bloqueio imposto de tornar Cuba um país soberano, Livre do séquito jugo americano
Da exploração de sangue e derivados pras multinacionais Das jogatinas dos cassinos e da prostituição em rede
Mas, caro amigo, sem mimimi Esta ilha te incomoda bastante, porque preferes visitar Miami, Flórida de Disney e Nova Iorque
Sabes, porquê? Porque vivemos e assimilamos modos de viver capitalistas, o tal do "American way life"
E assim, fica difícil compreender o pequeno país socialista produzir vacinas e tecnologias de ponta, ter pobreza, mas não ter miséria
E ter analfabetismo zero formar o verdadeiro médico Comprometido com a saúde pública enfrentando o Ébola na África
Médicos de todas as cores, com formação acessível a todos, sem discriminação de credos, poder, ideologia, sexo, etc... E nós é que deveríamos agradecer a eles, Por cobrirem uma lacuna, que nós, brasileiros,
não fomos capazes de suprir, por nos concentrarmos em grandes centros e praticar esta medicina de muitos empregos,
De pouca efetividade, e de baixa resolutividade, apesar de toda a tecnologia que dispomos - pra quem paga o que nos torna muito dependentes de exames complementares e de há muito não alcançamos os nossos pontos nevrálgicos
Porque já pouco ou nada tocamos as pessoas - muito pacientes - Porque já estamos cansados de sermos explorados,
Que ao invés de olharmos Para os nossos próprios umbigos Ficamos como ventríloquos Repetindo estúpidas palavras,
Essa cantilena contra os estrangeiros - ou melhor, somente para cubanos - ninguém faz graça com médicos De outras nacionalidades
Que os cubanos definam suas prioridades com autonomia. com sua altivez e soberania, a liberdade que conquistaram
Enquanto nós aqui, incomodados, revolucionários sem causa, com o regime da pequena ilha, "democraticamente" a quem elegemos?
seja pelo voto de fé de cabresto, pelo fake contaminado, disseminado por caixa dois no zap financiado pelas grandes corporações abençoado
Perdoe pela longa missiva Meu caro amigo, mas creia, Ainda bem que os médicos cubanos toparam vir para os nossos rincões
Eles podem até fumar charutos Mas irão cuidar de nossa gente tão desassistida em regiões As mais remotas do país continente
E a única revolução que eles, de fato, farão - se não impedirmos por nossa ignorância e miopia - será a da saúde pública,
Aliás, esta saúde coletiva que por má fé e ignorância política rotulamos de medicina socialista e que não praticamos há muito tempo...
AjAraujo, o poeta humanista, escrito em setembro de 2013, a propósito da chegada de médicos cubanos ao Brasil com a missão de trabalhar em regiões e cidades do interior do país, no programa "MaisMédicos" do governo federal.
* Atualizada com a eleição do governo que antes mesmo de assumir já rompeu o contrato com a OPAS e Cuba que permitia a mais de 8.500 médicos cubanos assistirem populações indígenas, ribeirinhas e localizadas nos sertões do país, gente que viu médico pela primeira vez nada vida.
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