Chegarei

Data 03/03/2008 10:55:42 | Tópico: Poemas

Chegarei nas mãos tíbias de Maio,
quando ogivas flores, na cor d’anil, anunciarem
na várzea e no pasto, o colo amplo, o seio lato que te ofereço.

Das macieiras em flor, a fragrância doce d’incenso.
Indulto o vime em cestos d’espera:
a parra, a pele aveludada,
o corpo espesso, carnudo pomo. Abnegado o fruto.

Ao largo, o lastro … o fogo ardente em bica aberta,
agregado ao lagar de templos sacros, néctar divino de vinho mosto.
[…é longa a estrada e escuro o vento.
É largo o tempo em que declina líquida a fresca sombra.
É agora prenúncio de nova Primavera] …

Deixa,
deixa que demore e que acereje a boca ao tempo verde,
deixa que aconteça o dia claro no ermo do cabeço,
que o silêncio das colinas desça em fio cedido ao gancho daquela grua…

Depois…
depois, amado, toma-me em braços,
de membros frouxos,
de alma preenche e, sob o Sol difuso da noite inteira,
enlaça-me,
entrança-me, e faz-me tua.

***
Hoje, um ano de Luso! Obrigada por tudo


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