
Inevitável
Data 29/07/2016 15:14:55 | Tópico: Poemas
| Inevitável
Meu coração batia tanto... a emoção tão em alta! Negar aquele sentimento e fazê-lo muito maior. Muito mais intenso. E de repente ele chegaria, com aquele andar de quem não quer nada, e aquele sorriso de fim de quarta-feira. A emoção transpirava pelas mãos frias e suadas. O corpo em transe, em dupla dose de adrenalina. O que era isso? Como eu poderia explicar essa explosão dos sentidos, sem ao menos vê-lo? O corpo tremia. Engolia em seco. Olhei no espelho do carro para checar o cabelo. Com a mão, dei um jeitinho na franja, esmaguei os lábios, espalhando o batom. Fechei os olhos experimentando a sensação do amor a invadir todo meu ser, como uma onda morna e deliciosa. Abri os olhos ... e um choque percorreu meu corpo. Ali ele estava, vindo na calçada, mãos nos bolsos da calça jeans, tênis, cabelo molhado, olhando dos lados... Fixei na minha memória aquele momento. Olhei-o de longe, como se estivesse assistindo um filme de amor. O amor explodia em meu olhar, e o cobria de emoção. De longe, eu via, seu corpo cadenciado, a andar naquele passo tão dele... Abri a porta do carro. Meus cabelos voaram com o vento, mas já não me importava estar tão perfeita. Eu queria mesmo era chegar perto, olhá-lo nos olhos. Senti-lo. Fechei o carro e fui andando, os passos meio tontos pela beleza do dia, e a emoção do momento. Meu cabelo ainda voava, assim como meu vestido. Aquela brisa morna, aquele cenário de sonho. E então você me viu. Parou no meio da calçada, e sorriu. Aquele sorriso meigo, inteiro, doce, e entregou para mim, de longe, a emoção. Olhos nos olhos. Fluiu, bateu e voltou, numa intensidade absoluta. E continuamos a andar, olhares fixos, sorrisos largos, emoção transbordante. Seus braços se abriram e nele me encaixei, como aquela peça que estava faltando naquele quebra-cabeças. E tudo ficou completo. Acariciei seus cabelos suavemente, com a cabeça em seus ombros. E suas mãos desenharam caricias em meu rosto. Era um final de tarde. E ainda me lembro do cheiro de sua colônia, entontecendo-me os sentidos. E mais tarde no silêncio da noite, minhas mãos crispadas e meus olhos esgazeados - em tom de irrealidade.

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