NAQUELA TARDE DE ABRIL

Data 31/07/2016 12:34:12 | Tópico: Poemas




















NAQUELA TARDE DE ABRIL


lembro-me tão nitidamente daquela noite
desde o momento em que você abriu a porta
e eu com passos lentos entrei
havia um ar de encantamento
em seus olhos profundos
sua figura máscula, sua calca jeans
o falar do seu corpo com o meu
na energia da distancia
havia um desejo camuflado
em cada pequeno gesto

lembro-me tão nitidamente
dos nossos assuntos bobos
das risadas cristalinas
do vinho vermelho brindado
com nossas mãos atravessando a mesa
e através da transparência das taças
nossos olhos brilhando de desejo
e aquele abajur no canto da sala
fazia do seu rosto esboços entrecortados
(ou seria o vinho subindo na cabeça
tirando-me da realidade? )

Lembro-me tão nitidamente
daquela musica estonteante
que ecoava como pano de fundo
e quando você levantou
com seu corpo másculo e atraente
andando pela sala descontraído
de um modo irreverente
aumentando o som da musica
cantando e sorrindo como um menino
(como meus olhos o amaram naquele instante
desfolhando seu ser completamente)

lembro-me tão nitidamente
de suas mãos mornas entrando em meu decote
tocando meus seios arrepiados e frios
do seu olhar pedinte
quando deitou meu corpo naquele sofá florido
de sua boca umida desenhando arrepios
em todo o meu pescoço e meu ouvido
do cheiro de sua colonia misturado com sua essência
que parecia causar uma sensação fria em minhas costas
fazendo-me fechar os olhos entreabrir os lábios
para colher seus beijos de vinho

lembro-me tão nitidamente
da entrega total e absoluta
das roupas no chão, dos nossos corpos nus
dos suspiros, dos sons abafados
das palavras sussurradas em meu ouvido
do amor gritando em forma de sentidos
seus cabelos macios em minhas mãos
e seus olhos fechados em pura entrega
lá fora um tom de sonho no céu cor-de-anil
e um calmo sentimento de certeza
assolou-me tão nitidamente
naquela inesquecível tarde de Abril



*Mary Fioratti*





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