Minha avozinha é biblioteca viva

Data 10/08/2016 18:49:54 | Tópico: Prosas Poéticas


À luz do velho candeeiro, escutava as histórias da avozinha,
Que encantavam minhas noites de meninice e me levavam a
Fantasiar num mundo que só ela sabia criar. Sua boca era
Um livro aberto e sua voz era o caminho das minhas aventuras
No fictício mundo, que parecia esmerar-se ao mundo real.
Não me cansava de escutar aquela voz angelical,
Que expelia dos meus gulosos olhos, o teimoso sono de longas
Madrugas que pareciam não ter fim, enquanto avozinha abria
O seu livro e as utópicas portas do mundo imaginário, que se
Desenhava em cada palavra saída daquela boca ressequida
Pelo vento dos anos vividos.
Sempre que o dia se ia dormir no longínquo horizonte, aprontava
Meus trabalhos de casa e ia sentar-me ao colo da avozinha,prontinha pra novas aventuras em mundos diferentes, pois, avozinha não repetia histórias, em cada história que saia daquela Voz
timbrada pelo regionalismo, que as terras altas do norte impunha, aventurava pelos novos mundos, fazia amizades sem nunca sair da nossa
Humilde casa, iluminada à luz do velho candeeiro e acordada pelo uivar dos lobos
Que clamavam o soneto da solidão que a natureza lhes impõe.
Ao longe se ouvia a sinfonia das rãs cantantes,
que embalavam a lua sonolenta que ia dormir
Pra dar lugar ao sol nascente, que anunciava o fim das minhas aventuras e o fecho da biblioteca viva da avozinha

Adelino Gomes-nhaca




Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=312781