(des) caminho

Data 10/08/2016 21:02:10 | Tópico: Poemas

Atiro-me à cama com a fastidiosa sensação de fronteira. Sou um poço com fundo longínquo, a derradeira lucidez que precede a morte.
Existe um muro, intransponível, e eu sou esse muro. Não me encontro fora nem dentro, sou o meio de mim, o pedaço que a ninguém pertence, sem nome, nação ou hino.
Onde a chuva cai e ninguém vê. O lugar onde se abate a tempestade e ninguém repara.
O sítio onde as emoções dão lugar a um rodopio de sensações difusas, como uma nuvem prestes a rebentar de água, mas que nunca rebenta.

Paulo Coutinho


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