Os dias do abandono

Data 11/08/2016 12:01:27 | Tópico: Poemas

Porque não há fogo, nem cinzel,
para contornar a serena angústia
das primeiras vagas de luz

Deixo que o teu corpo em fuga vá fechando
o ângulo cor de cinza em redor

Um relâmpago obsceno assoma
ao último céu de primavera

E eis que uma lâmina,
vagueando aos uivos
pelas esquinas do meu sangue,
arrasta-me aos golfos
para os rostos da minha infância

Contemplo os filhos na boca do canhão
e submeto-me à loucura,
última das esperanças

Porque não há oração ou esconjuro
para redimir os dias do abandono


Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=312812