Espreitadelas

Data 11/08/2016 18:16:29 | Tópico: Prosas Poéticas

Fui no tempo pintando teus relevos no vento

Escrutinei os céus em busca dos beijos

filtrados pelas nuvens onde sequencialmente

nos albergamos satisfeitos



Fui no tempo nutrir-me de vida

protagonizar outros segredos deixados

amarrotados em lençóis despojados de memórias

Fui decretar aos sentidos que sem malícias

um dia nos extasiamos

quebrando todas as demências

curtindo cada tempo desta existência

Domesticámos as esperas

despimos as saudades

ressuscitámos o silêncio

onde exprimimos

actos consentidos de amor

habitando as manhãs transitórias

amadurecidas de euforia tão migratória



Um dia nossos seres deixarão esculpidos

com elegância inconfundível

os ecos deste amor

para gáudio dos empanturrados

desejos em plena simetria

ou num calafrio tiritando entre a caruma

do tempo passando pelo tempo quase indivisível



Fui

e não mais voltei

Deixei outras ausências

estampadas na indigência

dos tempos

Simplesmente faleci

neste vagar dos ventos

onde proscrito me entrego

peremptório e homologado

espreitando-te súbtil

na extravagância desse gingar

quando por mim tão alegre

e graciosa serpenteias

e eu…louco, morro feliz

engolindo todas as lágrimas

neste silêncio onde por ti irei naufragar



FC


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