Pela madrugada

Data 18/08/2016 13:07:00 | Tópico: Poemas -> Fantasia

Pela madrugada

Um pequeno ruído, salpicava os vidros
acordou-me de um sono sem sonhos,
repousado, sem uma pequena agitação
mas estava escuro, que dias tristonhos.

Respirei fundo e dei uma espreguiçadela
com um dedo abri o rádio, estava a tocar
uma música esparvoada, feia e maldosa
e lá saltou o dedo para o posto mudar.

Respirei fundo, ainda cedo para levantar
aconcheguei-me, pus o ouvido à escuta
oiço outra canção, letra medonha, brejeira
sem pés, nem cabeça, uma coisa maluca.

Dedo espetado na mão, sai do aconchego
e volta a tocar noutro posto, procurando…
agora suave composição, fechei os olhos
e a seguir conversa fiada, eu resmungando.

Obrigo o dedo a sair da cama, ele recusa
está cansado, dorido e de má catadura,
de repente deu-lhe uma cãibra, coitadito…
que pena, deixei-o em paz, fiz uma ternura.

Depois pestanejei, ouvi a chuva, mais nada,
adormeci, mergulhei no sono entre almofadas
...ao longe ouvia-me a cantar e tudo à pateada
e um dedo de muletas, ria e dava gargalhadas.





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