Vida virtual

Data 04/03/2008 21:58:25 | Tópico: Crónicas

<br />E assim virei um ser virtual, exilado do coração da cidade que amo, amizades certas se tornando incertas, nada restou que me agrade, além do teclado, da rede, aqui vivo ancestralmente nômade, cidadão do mundo...virtual . Aqui posso ser eu, despido de convenções e obrigações, aqui sou poeta porque quero não porque sou, lá fora comercializo meu tempo .E em sendo virtual não posso negar meu amor á mulher que me observa, a boca meiga, olhos cheios de caricias, que não contém em si e transborda em versos. Aquela mulher construí-se de palavras me conquistou com frases, envolveu-me em versos, tornou-se real, a ponto de sentir seu cheiro de mulher e marejar meus olhos. Ao lê-la espreito sorrateiro e solerte o tempo que passa e morre efêmero de pura beleza. Inebria-me, transporta rejuvenesce apresentando-se plena, nua, linda, enluarada. Já não vejo no espelho a nuvem encobrindo um homem que viu tudo e julgava nada mais ter a ver “gestando” sua morna velhice. Refaz, resgata-me deste claustro sem fobias. Sequioso de apresentar-lhe meus olhos despidos das mazelas do mundo...puros, virgens de vida e morte, inocentes como um mito.
Carlos Said




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