Papo de passarinho
Data 31/08/2016 14:06:51 | Tópico: Poemas
| Topo da aroeira mais alta do Parque Olhos D’água. Brasília. 6h30. Trinta graus Celsius. Umidade relativa do ar: 10%. Um Bem-te-vi cai. - Ei, cumpadi. Você se machucou? - Bem, disse o Bem-te-vi, eu caí lá de cima, não caí? - Pergunto por que nunca vi passarinho ou bicho alado nenhum cair. O que há de errado nas alturas, meu caro? - Ora, interpelou o pássaro, estava lá eu numa festa no céu, quando o fogo-apagou, o sabiá e a juriti começaram a rir de uma piada que eu contei. Eu mesmo me ri até me dobrar por dentro, até perder o chão no céu. O resto é história. - Uma piada? Fico aqui me perguntando, camarada, e bem curioso até, se tu me contas a piada, será que também caio eu, mesmo estando de pé? - Que nada, soçobrou o alvinegro, que eu não sou de me remedar. Conto agora outra vez a piada, sabe lá onde vou parar?
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