…a laminar os olhos

Data 02/09/2016 01:28:03 | Tópico: Prosas Poéticas


Hoje digo dos sonhos a laminar os olhos
no entroncamento solitário do tempo
pássaros debitando fonemas
nas asas abertas ao vento

Hoje rascunho teclas, famintas dos dedos
esboçando sois silenciosos na abertura sonâmbula
dos pensamentos

È na dádiva de estar vivo que continuo caminhando por estre as brumas da alvorada, mesmo sem ti.

É no silêncio da tua voz que tenho a certeza que a vida fica-se por aqui nos braços vazios e nas mãos que dependuram os beijos sonâmbulos, permanecentes no cansaço das noites quentes de verão

As horas deslizam rapidamente, muito rapidamente paralelas ao meu querer.

Os desejos penduram-se fixos no parapeito dos olhos, ainda embaciados, com se os pingos das chuvas outonais reacendessem a luz rosácea da fantasia…faminta

Os dias transformam-se em esqueletos mirabolantes, manipulados pelo circo etéreo da vida, onde os papéis deslizam-se em monólogos silenciosos e nus, e onde a realidade aprisiona a cadência libertina do olhar e o gemido constante do silêncio escondido, nas asas rebeldes do poema

Hoje o pensamento voa, para além do tempo onde permanece intacto o lado dúbio da mente cansada


Escrito 2/09/16



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