Infidelidade

Data 28/09/2016 01:52:15 | Tópico: Poemas

Infidelidade

pulou o muro alto
as meias ainda na mão
olhou dos lados
o sereno molhava o rosto
cuspiu o gosto
daquele beijo doce de pecado
limpou o pescoço
disfarçando o perfume adocicado
o corpo ainda vibrava
adrenalina pura nas veias
e aquele cheiro de orgasmo
no bolso alguns trocados
e pensou que um café forte
o acordaria da sensação de culpa
desceu as escadas e no bar ainda aberto
a penumbra acariciou-o dando-lhe conforto
e aquela mesinha de fundo
com toalha quadriculada
acolheu-o como velha amiga
segurou firme a xicara fumegando
sorveu um gole
queimou-lhe a garganta
na noite imunda e deserta
sentiu a alma suja e porca
e olhando para a escada, de esguelha
notou o mesmo par de pernas
e a porta ainda entreaberta




Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=314707