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Data 03/10/2016 10:03:12 | Tópico: Poemas

Voavas pelos meus olhos adentro e as palavras que te vestiam faziam-te nua ao tacto
em que te contemplava - era então que caía pela tua noite adentro num sôfrego
desejo como um beijo em que o ar falta mas os lábios não se deixam ceder – um proveitoso
morrer diriam os mais sábios talvez se soubessem os efeitos medicinais do toque do teu corpo – faz-se sempre mais tarde para nascer até que o teu toque traz o trânse divino – então jaz morta toda a vontade de ser – já não se é se a tua presença deixa de estar – tornas-te a cada momento o definir de um verbo em que toda a acção é o intervalo entre o berço e seis pés de chão – como se o primeiro grito fosse o desespero de ter sido lançado para um local onde me obrigam a reencontrar-te – um grito de medo por não te ver ao lado na hora exacta em que a nossa alma deixou de ser uma – deixa que me passeie por ti adentro mais uma vez – não vejo a hora de morrer este existir sozinho de ti.


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