Eriçados peitos sob blusa de seda

Data 12/10/2016 13:06:38 | Tópico: Prosas Poéticas


Era uma noite chuvosa na choupana, ao longe se ouvia o uivar dum lobo solitário, que desafiava a solidão cantando serenata à lua cheia. No céu choroso, as estrelas sorriam tímidas atrás das nuvens dançantes, que ora gingavam pra o sul ora pra o norte, numa dança rimada pelo suflar do vento. Quis acompanhar a dança, mas estavas tu ao meu lado com olhos fitos no límpido mar que crescia com as lágrimas do choroso céu. Procurei teus lábios húmidos de prazer e neles depositei um beijo, senti o teu ofegante respirar e o eriçar dos teus peitos sob transparente blusa de seda. Quando olhaste pra mim com teus olhos semicerrados, me perdi nos céus do teu olhar sedutor. Enlacei-te com meus braços trémulos e beijamo-nos perdidamente, indiferentes ao suave bater da chuva nos nossos corpos mergulhados em tépidas águas do divino prazer.
Não tardou e se fez dia, no horizonte o sol acordava preguiçoso após uma noite molhada. A vida acabara de acordar; os pássaros entoavam seus cânticos melódicos; abelhas zumbiam nas copas das frondosas árvores à procura do precioso néctar e no colorido jardim os encasáveis beija-flores esvoaçavam de flor em flor distribuindo seus beijos. Parecia o paraíso que tanto ouvira falar na catequese aos domingos. Absorto na contemplação da beleza natural que nos rodeava, senti tuas suaves mãos pousarem na minha cabeça calva proporcionando-me carícias que só tu sabias fazer no momento exato e num lugar propício. Olhei para ti e não pude conter lágrimas de felicidade que jorravam do meu coração que tanto te quer, alisei teu cabelo que ondulava ao sabor do vento, depositei mil beijos nos teus entumecidos lábios e morri de amor.

Adelino Gomes-nhaca



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