
Caboclo roceiro
Data 01/11/2016 18:36:46 | Tópico: Homenagens
| Caboclo roceiro
Caboclo Roceiro, das plagas do Norte Que vive sem sorte, sem terra e sem lar, A tua desdita é tristonho que canto, Se escuto o teu pranto me ponho a chorar
Ninguém te oferece um feliz lenitivo És rude e cativo, não tens liberdade. A roça é teu mundo e também tua escola. Teu braço é a mola que move a cidade
De noite tu vives na tua palhoça De dia na roça de enxada na mão Julgando que Deus é um pai vingativo, Não vês o motivo da tua opressão
Tu pensas, amigo, que a vida que levas De dores e trevas debaixo da cruz E as crises constantes, quais sinas de espadas São penas mandadas por nosso Jesus
Tu és nesta vida o fiel penitente Um pobre inocente no banco do réu. Caboclo não guarda contigo esta crença A tua sentença não parte do céu.
O mestre divino que é sábio profundo Não faz neste mundo teu fardo infeliz As tuas desgraças com tua desordem Não nascem das ordens do eterno juiz
A lua se apaga sem ter empecilho, O sol, o seu brilho jamais te negou Porém os ingratos, com ódio e com guerra, Tomaram-te a terra que Deus te entregou
De noite tu vives na tua palhoça De dia na roça, de enxada na mão Caboclo roceiro, sem lar, sem abrigo, Tu és meu amigo, tu és meu irmão.
Autoria: - Patativa do Assaré (Assaré-CE 1909 - 2002) O maior poeta do Nordeste brasileiro.
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