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 PerpétuoData 24/11/2016 11:40:25 | Tópico: Poemas
 
 |  | Hoje é o fim. 
 O fim de tudo quanto conheço, de todas as coisas, de todos os seres, mesmo até de tudo o que nunca eu vi.
 
 Vou desligar as luzes da minha consciência e fechar a persiana dos meus olhos, e cair até onde calhar. Vou dormir, e, quando eu adormeço, o mundo morre. Morres tu,
 ela e ele,
 eles,
 nós,
 sim,
 eu também.
 
 Se o mundo, no qual eu vivo, é a representação daquilo que os meus sentidos captam, é então plausível crer que quando adormeço, o mundo deixa de existir.
 
 E é ridículo, mas igualmente plausível crer que todos os dias o mundo morre milhões de vezes seguidas nas suas múltiplas versões, e volta sempre a nascer, e a cada dia se apresenta alheio ao genocídio perpétuo e ao facto de eu ser o culpado.
 
 Mas dormir é tão bom que todos os dias desperto sem qualquer remorso.
 
 Paulo Coutinho
 
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