O Lamber Da Dor

Data 08/03/2008 01:27:22 | Tópico: Prosas Poéticas





Lambes a dor que te cai nos cantos da boca, parece-me sangue mas sei que nunca sangras a dor que não sentes. Ainda te amo mas não me quero dar ao luxo de continuar a teu lado, morres-me em cada abraço, em cada beijo e já não encontro maneira de enfrentar toda a morte que te tenho.
Morreste já em mim, vadio és de ti, não espalhes mais a tua híbrida emoção, nem eu me vou comover, se tiver de ser passo-te a ferro e embarco para bem longe.
Tocas-me a pele gasta pelo suor dos dias e da vida em redor, despes os meus medos e os meus segredos com as tuas mãos de seda, flores de veludo bordadas na palma, demasiadas sombras indesejadas, agitadas e caladas como mortas. O meu corpo mata-te com a falta de desejo que me preenche. Nada é de ti!
Pisas as sementes do que já fora e nunca há-de ser, porque amamos sempre quem nos trata mal? Julguei acreditar na tua legítima defesa e estava errada, quem não for culpado que atire a primeira pedra. Tenho as mãos nos bolsos do corpo nu, cheio de pedras prontas a serem atiradas. a realidade descontorcida de tudo, as arestas mal deliniadas, um cubo a fazer o pino.
Morres-me nos dias, nas horas em volta, no fogo do tempo, na semente da vida. Morres-me e mato-te em tudo o que tu vês, ouves, tocas, provas e sentes... obstinado crente, entediado fiel!


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