Confissões de um aprendiz de escriba - VIII

Data 05/12/2016 22:22:11 | Tópico: Textos



VIII

Manhã do terceiro dia de novembro - Raspando a tinta com a ponta do esquadro o excesso da massa. Descanso e relaxo, tenho a manhã toda para solucionar esse indigesto problema. Ontem a noite merendei uma laranja, aprendendo a controlar a minha fome, para fazer como jejum dos muçulmanos no mês sagrado do Ramadan. Quanto mais raspo, mais aderente fica. Paru, o pintor indicou-me um removedor de tinta que custa vinte reais. Uma parada dura encontrei, mesmo passando o solvente e o querosene.
"O galo está duro" diria o mestre Bamba.
Três índios conterrâneos daqui da ilha de São Luis estão enterrado no cemitério do Convento de Meudon nos arrabaldes de Paris que foram levados pelo padre capuchinho Claude d'Abeville em 1612 - morreram de doenças infecciosas, sobreviveram apenas Três tupinambás sobreviveram e Foram batizados com muita pompa com a presença real, todos com os nomes de Luis, depois retornaram para cá.. Penso nos três personagens de Dostoiévski que como ele foram desterrado para um longínquo presidio na Sibéria: Roskolnikov de Crime e Castigo; Rogojin de "O Idiota" e Dimitri dos "Os Irmãos Karamazovi".
Estou tenso e apreensivo. Professor confessou a família que talvez ano que vem o colégio vai fechar.É a crise chegando aos escolas particulares. Nuvens negras cobrem o nosso destino anunciando tristes futuros. Para aliviar um pouco as tensões leio "Viagem ao Norte do Brasil? Feita de 1613 a 1614 escrito por outro padre francês Yves D'Euvrex. O entregador de Pizza para na porta do PM da frente e entrega a encomenda.



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