Fala-me

Data 21/03/2008 00:28:52 | Tópico: Poemas -> Paixão

Fala-me
no silêncio das coisas unas quando chegar à tua beira
destituído de sentimentos controversos, desordenados,
d’interrogações, de hesitações, d’instintos vacilados
em toda a espécie de dor.

Fala-me apartado de obscura plaga,
de pés fincados no chão da nossa verdade,
aqui,
onde sem sol, sem água, não germinaram mais ideias.

Fala-me de ti, porventura, na fonte comum de memórias,
d’anagéneses,
de presságios,
e da fome que sentiste (tantas e tantas vezes)
dos meus seios
doa meus dedos
dos meus lábios nos teus lábios selados.

Esquece
a tristeza súbita
a violência mal contida deste tempo
em que nitidamente
o nada foi de nós alimento na desdita.

Olha-me audaz
bem dentro dos meus olhos verdes:
Falam-te, amado,
no murmúrio denunciado das águas gratas
quando o rio em sede tomba repentino na sua foz.




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