
O inventário está pronto - poetas húngaros (Attila József)
Data 12/12/2016 11:36:31 | Tópico: Poemas
|  Confiei desde o começo em mim se bem que isso não custe muito para quem nada possui – não mais, em todo caso, do que para o animal morto ao acaso.
Fiquei, mesmo com medo, em meu lugar: nasci e mesclei-me até me destacar. Paguei a cada qual conforme o preço e, a quem me deu de graça, com apreço.
Se mulher me iludia com sua fala, deixava-a me iludir para agradá-la. Lavei convés e enchi baldes – não raro, em meio aos sabichões, eu fui o otário.
Vendi brinquedos, pão, livros, jornais, poesia – sempre o que rendesse mais. Embora ainda prefira um fim no leito à guerra ou corda – como for, aceito.
O inventário está pronto e aqui registro que vivi. Muita gente morreu disto. Attila József (1905-37), poeta húngaro, poema traduzido por Nelson Ascher (poeta, tradutor e jornalista).
Imagem por Mária Chilf / Hungary Megjósolt emlék.
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