Nas gélidas manhãs do recife

Data 19/12/2016 10:20:44 | Tópico: Poemas


Nas gélidas manhãs do recife
Cantavam pássaros madrugadores,
Anunciado a chegada da primavera
Que trazia vida às gargantas do vale

O sol espreitava tímido entre nuvens
E do jardim do prado vinha a fragrância
Das rosas, mesclada com o aroma do mar
Que adormecia nas íngremes encostas

Nas copas das frondosas árvores
Dormitavam insaciáveis beija-flores,
Depois duma tarde de tantos beijos
Dados às dálias apaixonadas

Nas límpidas águas da ribeirinha
Que corria entre liláceas,
Dançava um casal de cisnes,
Olhei pra ti e me encantaste com teu sorriso

Agarrei numa rosa e ofereci-a a ti,
Num gesto instintivo, passaste-a nos teus lábios rosados,
Mil vezes apaixonado, enlacei meus braços
No teu franzino quadril
E alaguei-te de amistosos beijos

Senti tua mão afagar meu cabelo rebelde
Enquanto mordiscava teus hirsutos seios,
Teus gemidos quebraram o silêncio da tarde
E num ápice, adentrámos no paraíso do amor

O sol ia dormir no longínquo horizonte
Quando da tua voz angelical ouvi:
-Foi uma delícia meu querido!
-És um amor, minha flor! – respondi, beijando-te perdidamente

Já se fazia tarde no recife,
Ao longe se ouvia o uivar dum lobo solitário,
Apressados, agarrámos nos nossos pertences
E fomos pra casa abraçados como dois apaixonados

Adelino Gomes-nhaca



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=317633