Apocalipse

Data 09/03/2008 10:34:50 | Tópico: Poemas

De algo tão sublime quanto a existência
Salta uma dor que a todos consome,
Solitário ser das brumas saído,
De contorno cinzento e disforme,
Qual botão de rosa adormecido
Lembrado na sua lauta elegância.

Escrevo estes aforismos sem saber a razão,
Tal passatempo infeliz que me traz alegria
Traduzindo tanta infidelidade, insanidade.
Falo da vida que definha em alergia
Num mar imenso de ingenuidade,
E desvanece em tamanha preocupação.

Penas que bradam loucas no papel,
Como alazões correndo contra o vento
Nesta paisagem dantesca, infernal,
Sempre sobre a luz do meu contento,
O eterno e abusivo espírito animal,
Obra-prima de um escultor e seu cinzel.

Escuridão que me atentas no futuro,
Que me deixas cego de copiosa esperança…
Maravilhoso porvir… ou insólito fado.
Espero, vivendo, a atordoante sentença
Que me queima a alma por ser mal-amado
Por quem não consegue saltar o falso muro.


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