O teu corpo - uma celebração perfeita

Data 23/12/2016 14:22:42 | Tópico: Prosas Poéticas

[O Tempo, neste instante, são os dias exatos em que, com todo o meu corpo, te leio - linha por linha, poro por poro. As tuas mãos, o teu sorriso, o teu cheiro: tudo isto é parte de alguma coisa que o tempo não mata. Antes, todos os teus movimentos eram maravilhosos. Nunca fui capaz de te dizer que todos os teus movimentos eram maravilhosos. Hoje, olho-os de longe e sinto-os maravilhosos como se os visse e vivesse outra vez. Sinto-os como se eu e tu fossemos parte de uma bola de sabão adornada com as cores do arco-íris. Voássemos. Viajássemos. Caíssemos. Em uníssono, caíssemos.
Se o tempo algum dia te avisar que é o dia da despedida, por favor, nega-lhe a autoridade. Ainda que de mansinho, por favor, diz-lhe que a despedida desfaz o mundo desde o primeiro instante. As feridas abrem-se e não há bálsamo que as sare. Nunca fica tudo bem ainda que se finja estar sempre tudo bem: o corpo frígido rasga-se; os poros labirínticos fecham-se; a nossa boca não esconde tempestades rítmicas de medo e melancolia que transportam saudade, tanto silêncio.
O tempo, neste instante, são os dias exatos em que, com todo o meu corpo, te encontro: nas árvores, nos mares, nas nuvens. Encontro-te. Estás tão longe de mim, dentro de mim. Aquece-me, meu amor!]


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