A etapa da descrença

Data 08/01/2017 20:06:51 | Tópico: Poemas

Há menos estrelas de noite a pontilhar os meus sonhos, e a concha já não canta o mar.

Os deuses fugiram e aos anjos descolaram as asas.

A dúvida fez agora de mim o seu ninho, porque antes não precisava dela.

Os teus lábios e o teu corpo nu não me guardam mais segredos, porque és só carne, e eu sou só carne.

A cidade de antes, bela, é agora velha e gloriosamente arrogante.

A bondade já não é gratuita e troca-se por conveniência.

Já não resta magia, e a engrenagem do meu coração enferrujou, e ele, por ser pequenino e não poder guardar tanta decepção, despeja-a em forma de letras e frases feias.

Paulo Coutinho


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