Jacinto e Marcelina

Data 19/01/2017 18:27:58 | Tópico: Poemas -> Paixão

Também sabia cantar
com muito amor e ternura.
Porém era essa sua loucura
o poder de improvisar.

Em sua vida de domador
jamais cometera erro algum.
Era filho da terra, comum
como o pai um lutador.

Foi por isso que uma vez
os amigos disseram : "Cante !"
E um relato interessante
lhes fez com altivez.

De um piá e uma prenda
em seu canto fez menção.
E em suspense ficou a reunião
junto a fogueira na estância D. Brenda.

A todos os ouvintes entusiasmou
com seu relato campeiro.
E com seu modo corriqueiro
o gaúcho assim continuou.

Depois daquela noite enluarada
em que os dois se encontraram.
E no horizonte vislumbraram
o amor. E a prenda enamorada.

Simpática, doce e delicada
como uma flor preferida.
É algo para cultivar, é vida
É de atiçar toda piazada.

Suas feições magistrais
indicam paixão imensa.
Como justa recompensa
de fantasias divinais.

Tem um fundo magnetismo
em seus olhos brilhantes.
Como as cordas vibrantes
do galhardo paixonismo.

Tinha desesseis anos
a simpática menina.
Sincera idade que ensina
do amor os desenganos.

Ela que soube querer
e soube também amar.
Estendeu seu vasto olhar
até o campo do dever.

Os pais de Marcelina
com ternura a cuidavam.
E com amor a criavam
com uma paixão, pura, divina.

Suave botão de flor
no jardim aureo da vida.
Aonde brota enseguida
O poema de paixão e amor.

Belo quadro campeiro
Pintado em tela divina.
Jacinto com Marcelina
jurando amor verdadeiro.

Marcelina, paixão e amor
Todos assim a aclamavam.
E no pago a chamavam
a prenda do cantador.

Mas aconteceu o fatal
porque em uma danceteria.
Ao pobre Jacinto um dia
lhe cravaram, no peito, um punhal.

E para sempre caiu
para defender a menina.
A chinoca Marcelina
que de tristeza partiu.

E no pago comentaram
aquela cruel injustiça.
Que ao saber da notícia
até os homens choraram.




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