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 ando só pelas ruas desta cidade fria e vaziaData 23/01/2017 23:28:24 | Tópico: Poemas
 
 |  | ando só pelas ruas desta cidade fria e vazia. carrego comigo o hiato das impossibilidades
 e a carga dos desenganos que fazem
 da noite de sábado um proscênio solitário.
 
 encarnação de vazios, deixo para trás
 pontos de interrogação e concluo
 que há muita incerteza nos caminhos
 que se abrem à minha frente.
 
 dialogo comigo mesmo, danço a coreografia
 dos absurdos, réquiem inevitável
 de um futuro que nunca existirá,
 passos em terra de ninguém.
 
 na praça dos consolos inúteis
 distribuo a piedade que só os miseráveis
 são merecedores, na minha andança
 sem fim recebo do passado arrepios,
 os sorrisos compartilhados são a véspera
 dos desassossegos futuros.
 
 ando sem rumo por ruas movimentadas
 tentando olhar dentro dos olhos
 das minhas verdades e sentindo
 a batida do martelo dos remorsos
 que só as escolhas erradas trazem.
 
 fragmentos de promessas espalhadas
 pelo chão, vestígios pelos muros
 de possibilidades impossíveis
 originadas no âmago das minhas covardias.
 
 ando só e por aí me perco, uso a bússola
 da minha inquietude, sigo as placas
 dos meus medos, arranco da memória
 uma fatia de sonhos que está guardada
 em um frigorífico abandonado
 e que quebra quando a toco, algumas coisas
 são tão sagradas que não podem ser tocadas.
 
 ando sem rumo, rumo ao improvável,
 por alamedas, atalhos, pontes
 e abismos que me conduzem.
 andanças intermináveis, pelo caminho
 questões sem respostas,
 respostas sem perguntas,
 coisas que não são nada,
 nadas que me deixam mudo,
 promessas que ouço do luar,
 das gotas da chuva que nunca choveu.
 
 estrada feita de horas e horas, o vento
 e suas navalhas cortam constelações ilegíveis,
 o espelho da finitude desfilando
 vácuos inefáveis como se o passado
 e o presente andassem de mãos dadas
 sorrindo e falando alto nos corredores
 desertos da minha intranquilidade:
 a sagração de um vazio
 que nega a si mesmo.
 
 ando só e sem destino
 sob a passarela fúnebre
 deste céu de possibilidades mortas
 e paixões cegas, enxergo a dureza
 dos muros, os papéis levados
 pelo vento e os automóveis, converso
 comigo mesmo em profundo silêncio,
 respiro a textura de um adeus
 que faz a alma se encolher
 até um canto qualquer
 como um detento sem ambição
 e sem propósitos, como quem
 espera por alguém que não existe.
 
 me prendo a ilusões que escapuliram
 de minhas mãos como se nada mais
 fosse possível, uma nuvem de poeira
 formada por escombros de promessas
 não cumpridas sufoca
 as minhas esperanças e asfixia
 o meu futuro e minhas escolhas absurdas.
 
 tenho uma fascinação pelas coisas
 que não existem mais, pegadas invisíveis
 pelo chão despedaçado
 de um caminho confuso, sonhos fatiados
 pela lâmina inexorável dos impossíveis,
 minutos perdidos e areias antigas
 de ampulhetas emperradas pela desatenção.
 
 encho a taça trincada
 pelo grito dos desesperados
 e brindo a chegada
 da minha própria demolição.
 
 Poema do livro Diários do Desassossego
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