...do outro lado do poema

Data 11/03/2008 11:39:33 | Tópico: Poemas

Vives do outro lado do poema
no desassossego do verso que não escrevo,
vives encalhado na manhã clara que não chega
que não repousa inteira nos cabides dos meus ombros.

De nós os lábios, as rugas mansas, os aloendros por florir
o tacto do restolhar soprano d’asas
[mariposa em clareiras]
as horas vagas e o tempo - o tempo largo que te ofereço
a escorrer-se na hortelã verde da ribeira.

Vives assim,
instante breve, litanias de sermos e nunca sendo,
luz coalhada em fermento de ausência.

[Há um grito de fome eterna no eco mudo de um fonema].



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