Críptico

Data 12/02/2017 23:02:43 | Tópico: Poemas


(a estrada que me sobra
é tempo demais
tempo demais é
sobra que me estraga)

Deixem-me partir
no intervalo,
enquanto as crianças não nascerem culpadas
de tudo o que eu falho.

Entre a certeza do clímax
que há-de ser
e do fim que nunca iniciou à minha voz.

A estrada é larga demais,
palco onde me movo sem destreza,
não sei dos tempos,
não sei das mãos, não sei de vós.

Nunca soube viver sozinha,
mas deixem-me partir comigo,
independente e livre
das esperas.

Deixem-me partir antes do cair do pano,
antes do espinho tocar o peito do piano,
no intervalo longo entre a ternura
e as primaveras.


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